sábado, 2 de abril de 2011

Apenas mais um entardecer

          É final de tarde. Pela janela do meu quarto olho o entardecer. As árvores balançando ao sabor do vento distraem a minha atenção. Tenho o mundo inteiro ao meu alcance, porém, não a doçura. Porque o mundo é o exterior, enquanto ela é o meu interior. Nunca mais fui o mesmo, nem quando a conheci e tampouco quando a perdi. Agora eu vivo, ou melhor, tento viver no abismo sombrio das minhas noites de insuportável insônia. Ao me recolher ao leito do meu descanso, firmava na mente a ideia de tranquilidade para embalar o meu sono. Tudo bobagem. Os pesadelos torturam-me. Nem dormir eu consigo mais. Pergunto-me às vezes se tudo isso tem algum sentido. Impossível saber. Convulsiono-me de ódio, mas em vão, pois o meu coração, apesar de sensível, não aceita tal desventura. Não obstante, tento morrer a cada entardecer, mas, como um morto-vivo, busco no conhecimento a distração para um Tempo lerdo que retarda a consumação plena da minha vida.

E você meu caro leitor, o que faz a cada entardecer?

"Não sou alegre nem triste: sou poeta"
Cecília Meireles

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